quarta-feira, 15 de maio de 2013

SERÁ QUE OS ANIMAIS TÊM DIREITOS?



Ao longo da história da Humanidade, sempre foi evidente a interação entre os humanos e outros animais. Desde há muito tempo que os animais não-humanos têm sido utilizados para fins como a alimentação, a força de trabalho, teste a vários produtos, experiências na área da investigação científica, divertimento e satisfação humana e vestuário. Começo então por dizer que isto não é motivo de orgulho. Não é preciso analisar o nosso Mundo detalhadamente para o perceber.

Para nossa satisfação, animais são espancados, torturados e mutilados diariamente. A população parece ignorar esta situação, apesar de ter conhecimento de tais factos. Em qualquer lugar do Mundo, garanto-vos que estão animais a sofrer neste momento, em silêncio e sem oportunidade de pedirem ajuda, e nós podemos e, deixem-me realçar, devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para o impedir. Está na altura de percebermos que as nossas ações têm grandes impactes na Natureza e o ser humano não tem o direto de tratar assim qualquer ser vivo.

Respeitar os animais significa não os sujeitar a qualquer tipo de sofrimento que tenha como fim o nosso proveito e deixá-los viver de acordo com os seus instintos e as suas necessidades naturais.

São de louvar as pessoas que se unem para defender aqueles que não têm voz. No entanto, devo admitir que não compreendo como algumas defendem apenas uma parte dos animais (por exemplo, os animais domésticos). A evidente tortura tanto física como psicológica a que se sujeitam tantos outros animais devia mover-nos da mesma forma. Sem qualquer compaixão, milhares de animais são sujeitos a uma vida de prisão e de agressões, até sucumbirem com uma morte profundamente dolorosa e macabra, tudo para fazer um ser humano feliz por apenas uns minutos.

Hoje, afirmo convictamente que estamos perante um “holocausto animal”, onde animais são criados em autênticos campos de concentração para mais tarde serem usados pelos humanos, como se fossem objetos numa prateleira. Nem depois de morrerem são respeitados, sendo que muitos sofrem de uma violência indescritível antes disso. Animais são esfolados vivos, afogados; outros são igualmente sujeitos a torturas horrendas: são-lhes administradas substâncias que provocam cegueira, hemorragias e que levam a amputações. Tudo isto para saberem que efeitos terão essas substâncias em humanos. Deixem-me fazer-vos uma pergunta: uma vida compensa a outra?! Que vantagens têm os animais com estes testes, quando o único ser que lucra é o ser humano? Estes testes não são fiáveis. Pelo contrário: para além de cruéis, são muito falíveis. Existem alternativas à morte de milhões de ratos, macacos e cães, que são considerados cobaias pelo Homem, da forma mais fria que eu conheço. Tudo, dizem eles, em nome da Ciência. Mas isto já faz parte de um dia-a-dia e continua a acontecer. Porquê? Porque muitos de nós (algumas vezes por ignorância, demasiadas vezes por comodismo) continuam a alimentar esta sociedade que mais parece uma máquina atroz, olhando para o lado e “lavando as mãos”.

Pois bem, garanto-vos que têm as vossas mãos manchadas de sangue. É escusado usarem a desculpa de que não são vocês a agredir estes direitos, quando, na verdade, somos todos nós que financiamos estas barbaridades. Somos cúmplices do mesmo crime. Chega de fugirmos das nossas responsabilidades.

Considero errado matarmos animais para alimentação. Considero ainda mais errado quando estes animais estão fechados, enjaulados ou amarrados, sem qualquer chance de lutarem pela vida. Choca-me quando o ser humano usa a desculpa da cadeia alimentar, já que ele próprio põe em causa não só cadeias alimentares, mas também habitats e populações inteiras de organismos. Isto é, pelo menos, irónico.

Desde que o Homem descobriu que, com a força, conseguia manipular os animais, maltratando-os, começou a utilizá-los em diversos espaços de lazer, onde os seus direitos são brutalmente violados. Como sempre, o objetivo é o bem-estar humano. Não tem qualquer importância se o animal sofre ou morre, o mais importante é bater palmas e gritar “Bravo!” e mostrarmos o quão divertidos estamos. Usemos o exemplo dos circos. O circo é, sem dúvida, uma atração fenomenal, um mundo mágico para algumas pessoas, até. Mas acabamos por esquecer que os animais são prisioneiros daquele suposto conto de fadas, forçados a um comportamento não natural e treinados com chicotes, choques elétricos e correntes. Por exemplo, os tigres são acorrentados de modo a que o sufoco parcial provoque uma sensação de tensão no pescoço e aos ursos são-lhes queimadas as patas dianteiras para adquirirem a postura “correta”.

Outro “espetáculo” igualmente polémico são as touradas. A tourada é definida como uma componente cultural em certas sociedades, onde o sofrimento e a angústia do touro não é nada junto da suposta felicidade que este traz. Os apoiantes desta atividade, talvez numa tentativa de se enganarem a eles próprios, afirmam que o touro é tratado de uma forma muito melhor até à tourada (à qual as pessoas realistas chamam “matança pública”) do que os bois que são criados pela indústria alimentar. Parecem, porém, esquecer-se de que pelo facto de existirem situações ainda mais cruéis, não faz com que esta situação seja menos cruel em si. Se assim fosse, ainda existiria, por exemplo, a pena de morte em muitos mais países.
Todas as culturas (ocidentais e não-ocidentais) possuem tradições, mas cabe-nos a nós decidir se são moralmente corretas ou não. A antiguidade de um costume não é justificação para a sua moralidade ou imoralidade.

Dando outro exemplo: a caça com armadilhas é um dos métodos de captura de animais, cuja finalidade é aproveitar peles e pêlo. Os animais passam dias, semanas em agonia antes de finalmente morrerem, e muitos chegam a roer os seus membros numa tentativa de se salvarem e de escaparem. Mais ainda: muitos deles são apanhados em vão, pois não possuem peles que sejam as adequadas para esta indústria.

Gostaria, então, de citar a atriz Jane Meadows, com a qual não poderia concordar mais – “Tenho pena de mulheres que continuam a comprar casacos de pele, pois nelas faltam dois dos mais importantes requisitos para uma mulher: coração e sensibilidade”.

Resumindo, não há qualquer desculpa para alguém que se considere um ser humano moral, ético, amigo dos animais não agir como tal. Existe o ser humano que se aproveita de forma vergonhosa destes animais, utilizando-os diariamente como fonte de rendimento, e existe o ser humano que, em ignorância, segue o caminho que sempre conheceu, sem nunca se ter questionado ou refletido sobre os seus passos. Poucos são os que se apercebem desta situação. No entanto, espero que com este texto tenha captado a vossa atenção e, desde já, proponho algumas mudanças no vosso quotidiano.

O problema é a inércia das populações no que toca aos direitos dos animais. Falta o ativismo direto! O vegetarianismo é uma área onde cada um de nós pode fazer a diferença. Não é apenas uma questão de dieta, é muito mais: é uma forma de bem-estar na vida, com a recusa em sermos cúmplices de um crime que está a ser cometido há demasiado tempo. O que proponho é um conjunto de direitos assegurados para os animais, para que estes possam ter uma vida sem que os humanos interfiram negativamente.

Para concluir, há que perceber que não vale a pena continuar com estas formas de crueldade. O direito à vida é um direito de todos os seres vivos, sem exceção. Não os podemos discriminar por serem considerados uma espécie inferior (e garanto-vos que não o são). Sejamos humanos uma vez na vida.


Por: Joana Rocha, 2012






 http://www.animaisderua.org/files/artigos_de_interesse/vegetarianismo_etico.pdf


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