quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Problema da Perspetiva



Hoje em dia gostar de animais é ter um gatinho do qual se é inseparável. Ou ver uma foto de um golfinho na net e achar que se trata de uma criatura adorável. 
E é assim que a pessoa vive esta farsa, considerando-se um amante de animais, com uma convicção irrepreensível e persistente.

No entanto, eis que chega a casa e janta o habitual: um bife de frango ou de vaca (ou até, quem sabe um pouco de peixe). E eis que a farsa é revelada.
Lamento ter de informar, mas não se trata de um amante de animais. Trata-se, sim, de um especista, cujos interesses se baseiam apenas em ALGUNS animais. Obviamente NÃO TODOS.

Temo, ainda assim, que muitas pessoas não se tenham apercebido deste facto no seu dia-a-dia.
Pode parecer difícil ver a situação desta perspetiva, já que, para a esmagadora maioria da sociedade, há (inconscientemente parte das vezes, outras bastante conscientemente) a distinção entre animais e animais comestíveis.

No entanto, torna-se incontrolável para mim perguntar porque chamamos "amigos" a uns, "jantar" a outros e ainda "repugnantes" ou "sem qualquer tipo de valor" a outros.
É uma questão de interesses? Parece-me que sim, mas os critérios utilizados são, no mínimo, ridículos.

Vejamos um exemplo: um ocidental, perante o assassínio de um cão na China, ficaria chocadíssimo. A apoteose do choque e da repugnância surge então quando esse cão serve de alimento.
Porém, não vê a semelhança entre o cão e a vaca, que nasce presa, vive torturada, morre dolorosamente e acaba no prato com um aspeto e sabor divinal. Tudo está bem quando acaba bem.

O problema da sociedade é claramente a perspetiva com que olha às questões que surgem. Penso que a grande culpada da indiferença perante a morte de milhões de seres inocentes é a tradição, que parece atar as mãos e bocas de quem ainda não acordou para o mundo real, seguida da cegueira voluntária que tanto jeito dá quando se trata de mudar. 

A minha sugestão é que cada um de nós se informe acerca do que acontece num matadouro, num navio de pesca, numa fábrica de peles e numa indústria aviária, para começar.
E, caso não tenha adotado uma perspetiva semelhante à minha, reconsiderar alguns valores/princípios que diz ter. 
Pelo menos assim a cara vai condizer com a careta.


Por: Joana Rocha


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